Relações de interesse

Há um tempo atrás estava assistindo uma reportagem sobre como arrumar emprego e a pessoa que conduzia a reportgem falou sobre networking, que significa você obter emprego através da indicação de alguém que conhece você, que faz parte do seu círculo de relacionamentos. Logo, ser bem relacionado, conhecer e manter contato com pessoas conta para que você consiga obter emprego algum dia que você precisar. E isso realmente funciona, muitas pessoas conseguem um emprego por indicação de outras. Eu mesmo tenho minha rede de relacionamentos, conheço pessoas e estaria disposto a indicá-las em caso de oferta de trabalho ou a procurá-las, em caso de falta de trabalho.

A questão é que, na minha opinião, isso faz com que tenhamos um círculo de relacionamento com pessoas que só nos interessa manter contato ou fazer amizade com elas por causa da possibilidade de um dia precisar que elas lhe indiquem para algum trabalho, ou para alguma promoção. E vice-versa, pessoas que se aproximam de você pelo mesmo motivo. Criou-se então uma relação de interesses, onde as amizades são medidas pelos benefícios materiais que aquela amizade pode ou poderá trazer. E esse tipo de coisa tornou-se tão comum em nosso cotidiano que nem damos conta disso.

Como também não damos conta de que se faz isso também com Deus. A relação de muitos de nós cristãos com Deus fica restrita aos benefícios materiais que Deus pode fazer por nós. Não é que Deus não possa ou não queira nos beneficiar com coisas, mas isso não pode ser o propósito de nossa relação com Ele. Eu não posso adorar Deus, andar com Deus, fazer a vontade de Deus só pra que ele me retribua realizando os meus desejos pessoais. E o pior é que se ensina isso, é a história do Deus que funciona. Aliás essa é uma das expressões mais horríveis que eu já vi alguém fazer sobre Deus. Deus não é uma coisa para que se diga isso dEle. E a base bíblica para esse tipo de pensamento é dizer que Deus tem promessas, bençãos para os que o servem e muitas outras coisas.

É bem verdade que a maioria ou até mesmo todos nós no iniciar de nossa relação com Deus visávamos nossos próprios interesses que tinham a ver com nosso sofrer, nossas necessidades, nossas aflições. E Deus, por seu amor e misericórdia, nos curou, nos assistiu, nos aceitou, nos abençoou. E isso nos cativou, nos fez gratos a Ele. De fato, suas promessas e bençãos nos alcançaram. Mas quando a relação com Deus fica apenas nesse entendimento de troca, eu faço a vontade de Deus e Ele faz a minha, eu me volto para Ele e Ele me favorece, estou correndo o risco de tornar minha relação com Deus uma relação de conveniência, superficial, e que pode acabar no momento em que Deus não mais me favorecer em circunstâncias de minha vida em que eu pensava que Ele deveria.

A base de uma relação verdadeira com Deus tem que ser o amor, o interesse em ter a companhia, a influência de Deus, de aprender com Deus a beleza da vida que está no seu mandamento de amá-lo e amar o meu próximo, de servir ao invés de ser servido, de dar ao invés de receber, não importando em que circunstâncias me encontro, se conquistei ou não o que queria. O que vale é a amizade, é o amor que um amigo tem pelo outro. E, no caso de Deus, mais ainda o amor dele por nós, provado na entrega de seu filho Jesus na cruz, provado na graça de Deus.

Comentários

Postagens mais visitadas