O amor é mais importante

Estávamos eu e meu amigo almoçando e conversando sobre experiências de vida que cada um passou. Uma delas, que ele e sua esposa viveram, me emocionou bastante e me ensinou algo que espero jamais esquecer. Com a permissão deles, compartilho esta história.

A notícia da gravidez trouxe alegria àquela família. Como todo casal que começa a viver esta fase, já faziam planos, preparavam o enxoval, escolhiam os nomes de menino ou menina que dariam e agradeciam a Deus pela criança que estava para chegar.

Contudo, pouco tempo depois, uma triste notícia: a gravidez não se consolidara. Não seria dessa vez, infelizmente. Deram entrada no hospital para que a esposa pudesse fazer os procedimentos da gravidez interrompida. Um momento muito difícil e doloroso de suas vidas.

Era domingo à noite quando o pastor da igreja que frequentam recebeu a notícia do ocorrido e que o casal ainda se encontrava no hospital. Faltava pouco para o início do culto dominical. O pastor não teve dúvidas: deixou o culto à cargo de seu auxiliar e foi ao hospital levar todo o seu carinho ao casal que precisava naquele momento.

Eu posso estar enganado, tomara Deus que eu esteja, mas diria que poucos pastores fariam o que este fez. Não na hora do culto, com pregação preparada, compromisso firmado de todos os domingos. Poderiam fazer depois do culto, ou antes do culto, sim, qualquer pastor piedoso assim o faria. Mas na hora do culto, não. É hora "sagrada". Se fosse algum familiar, até poderia. Mas um membro de sua igreja poderia esperar até o fim do culto, não poderia deixar os outros membros, não poderia deixar de pregar aquela "palavra abençoada". Esse gesto muito me impressionou, fiquei muito feliz de saber que esse pastor estava com sua agenda aberta para largar um culto de domingo e cuidar de pessoas que naquela hora estavam precisando de carinho, de apoio, de uma palavra. Ou quem sabe só precisavam de alguém que chorasse com eles, que se importasse com a dor que estavam sentindo naquele momento. Porque não foi cura divina que o pastor foi levar, mas foi o amor divino.

Jesus conta a parábola de um pastor que tinha cem ovelhas e que, quando percebe que uma se perdeu, deixa as noventa e nove por um momento e vai até a ovelha perdida trazê-la de volta. Sei que tratamos esta parábola como sendo Deus preocupado com a Salvação daquela ovelha, mas foi a primeira coisa que me lembrei quando ouvi de meu amigo essa história. Do pastor deixando as outras ovelhas pra cuidar daquelas duas que mais precisavam dele naquele momento.

A segunda coisa que pensei ao ouvir essa história foi que eu posso ter a melhor teologia do mundo, mas se essa teologia não me levar a ser como este pastor, ela não vale para nada. Porque a teologia só é importante se ela me levar a ser como Jesus e a amar como Jesus.

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