Tudo é interpretação
Na cultura judaica, os rabinos estudavam e interpretavam a Torá e, não poucas vezes, divergiam de opinião em várias questões acerca da Lei de Moisés. Isso porque cada um dos rabinos tinha a sua interpretação da lei, seu modo de ler e entender o significado dela e de colocá-la em prática. Cada rabino tinha os seus discípulos, que os seguiam conforme sua identificação com a interpretação de um ou de outro.
Jesus Cristo também tinha a sua interpretação para a Lei de Moisés. Uma interpretação que incomodava os líderes religiosos da época, pois confrontava com todo um sistema religioso e político, criado a partir da própria lei. Apregoando amor, Jesus andava, comia e conversava com pecadores, pessoas excluídas pelo sistema, pois à luz da interpretação tradicional, estes eram os amaldiçoados, os impuros. Jesus falava de um Reino onde bem-aventurados eram os pobres e os que choram, que a oração que agradava a Deus era a que clamava por misericórdia e que só podia atirar a pedra quem não tivesse pecado. Amor, perdão, compaixão, era o que Jesus enxergava na lei. Seu mandamento de amar a Deus e ao próximo como a si mesmo não deveria ser novidade para os mestres da lei, pois está escrito:
"Ame o Senhor, o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todas as suas forças." (Deuteronômio 6:5)
"Não procurem vingança, nem guardem rancor contra alguém do seu povo, mas ame cada um o seu próximo como a si mesmo. Eu sou o Senhor." (Levítico 19:18)
Essa interpretação colocava em xeque o poder dos fariseus, dos sacerdotes, das lideranças religiosas que oprimiam pela lei. Jesus diversas vezes acusou-os de serem hipócritas e de serem obstáculo para a salvação/libertação das pessoas. Eles faziam tudo "conforme a lei", mas Jesus tinha outro ponto de vista em relação à lei. A mesma lei, interpretada de formas diferentes, poderia levar à vida ou à morte, à libertação ou à escravidão.
Os discípulos de Jesus, naturalmente, passaram a interpretar a lei conforme ou partir da interpretação de seu mestre Jesus. E passaram a pregar e a viver a partir dela, como se pode verificar em Atos dos Apóstolos e nas diversas Cartas do Novo Testamento.
Contudo, novas e velhas interpretações das escrituras bíblicas surgiram e sumiram ao longo da história da igreja e da humanidade. A Reforma Protestante, por exemplo, contribuiu bastante para isso, pois defendia a livre interpretação da Bíblia. Isso pode ser constatado facilmente no meio protestante/evangélico, pois existem uma infinidade de denominações e teologias, o que causa muita divisão e discussão. Esta premissa da Reforma foi importantíssima para que se questionasse os ensinos e dogmas da Igreja Católica, para que se apontasse os erros e sinalizasse novos caminhos para a fé cristã. Mas teve o seu preço e estamos pagando (e como estamos!). Além disso, outras religiões surgiram e também deram a sua interpretação à Bíblia e aos ensinos de Jesus.
Nós, cristãos, afirmamos que a Palavra de Deus é a Verdade, que Jesus é a Verdade. Isso é nosso dogma e não colocamos em questão jamais! Porém, não há como negar que a verdade na qual cremos é uma das possíveis interpretações da Bíblia, depende da denominação, da igreja ou da religião a qual pertençamos. Existem pontos que todos concordamos, mas existem inúmeros outros pontos em que cada denominação, igreja ou religião interpreta cada qual à sua maneira, de acordo com sua tradição, suas raízes e seus precursores.
Então todas as interpretações ou todos os caminhos levam à Verdade? Não acredito nisso. E a razão eu já citei acima. A mesma fonte (no caso a Bíblia), interpretada de formas diferentes, pode levar à Verdade ou a uma grande mentira. Pode levar aos ensinos de Jesus ou a ensinos enganosos, mas em "conformidade" com a Bíblia. Por isso, precisamos e devemos questionar aquilo que nos ensinam. Verificar se a interpretação está de acordo com a interpretação de Jesus, afinal somos discípulos dele, então concordamos com a interpretação que Ele deu à lei. Ler os Evangelhos e entender o que Jesus quis dizer, considerando a época, os costumes, a cultura, o contexto no qual os Evangelhos e Jesus estavam inseridos. Não é tarefa fácil, requer pesquisa, estudo, meditação na Palavra. Por isso muitos preferem deixar que outro faça por elas e diga para elas como elas devem pensar e viver. Ocasião perfeita para enganadores e aproveitadores que interpretam a Bíblia para proveito próprio.
Tudo é interpretação. Cabe a nós escolher com qual delas vamos orientar nossas vidas, se aponta realmente para o ensino de Jesus ou se é de fariseus, ou seja, favorece um sistema religioso onde pessoas perpetuam poder e domínio sobre outras em nome de Jesus, mas que não tem nada a ver com Jesus.
Jesus Cristo também tinha a sua interpretação para a Lei de Moisés. Uma interpretação que incomodava os líderes religiosos da época, pois confrontava com todo um sistema religioso e político, criado a partir da própria lei. Apregoando amor, Jesus andava, comia e conversava com pecadores, pessoas excluídas pelo sistema, pois à luz da interpretação tradicional, estes eram os amaldiçoados, os impuros. Jesus falava de um Reino onde bem-aventurados eram os pobres e os que choram, que a oração que agradava a Deus era a que clamava por misericórdia e que só podia atirar a pedra quem não tivesse pecado. Amor, perdão, compaixão, era o que Jesus enxergava na lei. Seu mandamento de amar a Deus e ao próximo como a si mesmo não deveria ser novidade para os mestres da lei, pois está escrito:
"Ame o Senhor, o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todas as suas forças." (Deuteronômio 6:5)
"Não procurem vingança, nem guardem rancor contra alguém do seu povo, mas ame cada um o seu próximo como a si mesmo. Eu sou o Senhor." (Levítico 19:18)
Essa interpretação colocava em xeque o poder dos fariseus, dos sacerdotes, das lideranças religiosas que oprimiam pela lei. Jesus diversas vezes acusou-os de serem hipócritas e de serem obstáculo para a salvação/libertação das pessoas. Eles faziam tudo "conforme a lei", mas Jesus tinha outro ponto de vista em relação à lei. A mesma lei, interpretada de formas diferentes, poderia levar à vida ou à morte, à libertação ou à escravidão.
Os discípulos de Jesus, naturalmente, passaram a interpretar a lei conforme ou partir da interpretação de seu mestre Jesus. E passaram a pregar e a viver a partir dela, como se pode verificar em Atos dos Apóstolos e nas diversas Cartas do Novo Testamento.
Contudo, novas e velhas interpretações das escrituras bíblicas surgiram e sumiram ao longo da história da igreja e da humanidade. A Reforma Protestante, por exemplo, contribuiu bastante para isso, pois defendia a livre interpretação da Bíblia. Isso pode ser constatado facilmente no meio protestante/evangélico, pois existem uma infinidade de denominações e teologias, o que causa muita divisão e discussão. Esta premissa da Reforma foi importantíssima para que se questionasse os ensinos e dogmas da Igreja Católica, para que se apontasse os erros e sinalizasse novos caminhos para a fé cristã. Mas teve o seu preço e estamos pagando (e como estamos!). Além disso, outras religiões surgiram e também deram a sua interpretação à Bíblia e aos ensinos de Jesus.
Nós, cristãos, afirmamos que a Palavra de Deus é a Verdade, que Jesus é a Verdade. Isso é nosso dogma e não colocamos em questão jamais! Porém, não há como negar que a verdade na qual cremos é uma das possíveis interpretações da Bíblia, depende da denominação, da igreja ou da religião a qual pertençamos. Existem pontos que todos concordamos, mas existem inúmeros outros pontos em que cada denominação, igreja ou religião interpreta cada qual à sua maneira, de acordo com sua tradição, suas raízes e seus precursores.
Então todas as interpretações ou todos os caminhos levam à Verdade? Não acredito nisso. E a razão eu já citei acima. A mesma fonte (no caso a Bíblia), interpretada de formas diferentes, pode levar à Verdade ou a uma grande mentira. Pode levar aos ensinos de Jesus ou a ensinos enganosos, mas em "conformidade" com a Bíblia. Por isso, precisamos e devemos questionar aquilo que nos ensinam. Verificar se a interpretação está de acordo com a interpretação de Jesus, afinal somos discípulos dele, então concordamos com a interpretação que Ele deu à lei. Ler os Evangelhos e entender o que Jesus quis dizer, considerando a época, os costumes, a cultura, o contexto no qual os Evangelhos e Jesus estavam inseridos. Não é tarefa fácil, requer pesquisa, estudo, meditação na Palavra. Por isso muitos preferem deixar que outro faça por elas e diga para elas como elas devem pensar e viver. Ocasião perfeita para enganadores e aproveitadores que interpretam a Bíblia para proveito próprio.
Tudo é interpretação. Cabe a nós escolher com qual delas vamos orientar nossas vidas, se aponta realmente para o ensino de Jesus ou se é de fariseus, ou seja, favorece um sistema religioso onde pessoas perpetuam poder e domínio sobre outras em nome de Jesus, mas que não tem nada a ver com Jesus.
Comentários
Postar um comentário