Parem de fazer da casa de meu Pai um mercado!

"Quando já estava chegando a Páscoa judaica, Jesus subiu a Jerusalém.
 No pátio do templo viu alguns vendendo bois, ovelhas e pombas, e outros assentados diante de mesas, trocando dinheiro.
 Então ele fez um chicote de cordas e expulsou todos do templo, bem como as ovelhas e os bois; espalhou as moedas dos cambistas e virou as suas mesas.
 Aos que vendiam pombas disse: "Tirem estas coisas daqui! Parem de fazer da casa de meu Pai um mercado!" (João 3:13-16)

Venho falando em algumas postagens sobre a prática de sacrifícios, procurando explicar quais as razões que levavam os povos antigos (e atuais também) a oferecerem sacrifícios aos seus deuses e, no caso do povo judeu, ao Senhor Deus. Procurando mostrar que Deus, através de dois dos seus profetas, já não se agradava dos sacrifícios que ano após ano o povo oferecia a Ele.

O povo oferecia sacrifícios a Deus, mas não ofereciam misericórdia uns aos outros, não praticavam a justiça, não amavam a fidelidade e não andavam em humildade. Afinal, se por acaso pecassem ou não observassem os mandamentos, poderiam oferecer seu sacrifício e "zerar" a dívida com Deus. Não havia transformação interior, mas uma espécie de barganha: eu ofereço sacrifício e Deus perdoa meus pecados. O que era para ser um momento de reconhecer que, mesmo se esforçando para cumprir a Lei, não nos era possível e, portanto, o sacrifício se fazia necessário para que a comunhão com Deus pudesse ser mantida, tornou-se uma moeda de troca para que se pudesse obter a garantia do perdão de Deus (e por consequência uma vida abençoada), independente da observância da Lei. A própria obediência à Lei tornara-se moeda de troca por uma vida abençoada e supostamente livre de problemas.

Como se não bastasse essa questão, alguns passaram a fazer do sacrifício fonte de lucro. Com a chegada da Páscoa, ocasião da peregrinação do povo ao templo em Jerusalém para oferecer sacrifícios, cambistas e vendedores de bois, ovelhas e pombas se aglomeravam no templo para fazer comércio. Tornaram a prática do sacrifício um negócio, um mercado! A atitude de Jesus para com os mercadores foi enérgica, até mesmo violenta, segundo o texto. Ele, que horas mais tarde, seria o sacrifício oferecido pelo próprio Deus pelas nossas vidas, tornando desnecessário qualquer outro após esse!

Fico imaginando como Jesus agiria se hoje entrassem em nossas igrejas e visse como a fé em Deus e a misericórdia se tornaram mercadoria e fonte de lucro de líderes religiosos inescrupulosos e enganadores.

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