O pecado e suas dimensões

Pretendo começar nesta postagem um assunto que ia ser o primeiro do meu blog, mas por alguma razão (divina, assim espero) só resolvi falar agora. Vamos refletir sobre pecado. Minha intenção não é dar definições prontas, mas destacar algumas questões que possam esclarecer para todos nós aquilo que a Bíblia diz que é a razão de nosso afastamento de Deus.

O pecado, grosseiramente falando, é tudo aquilo que fazemos que não condiz com a vontade santa de Deus (ação) ou tudo aquilo que não fazemos que condiz com Sua vontade (omissão). Fazer algo contrário a Deus ou não fazer aquilo que Deus quer. Isso não é definição completa de pecado, mas é resumidamente o que muitos de nós entendemos por pecado. Inclusive, esta idéia pode ser facilmente reforçada observando-se a lei de Moisés. Um conjunto de regras a serem seguidas e, se obedecidas, levam o homem à salvação e a Deus. Pecado, nesta dimensão, é o que fazemos ou deixamos de fazer, ações e/ou omissões. Ao cometermos pecado, ofendemos a Deus e nos afastamos dEle.

Até que entra em cena Jesus Cristo (sempre ele!) e diz o seguinte:

"Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério.
 Eu, porém, vos digo, que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela." (Mateus 5:27-28)

Cristo está dando nova dimensão ao que significa pecado, pois Ele está dizendo que basta ter a intenção dentro de si que já cometeu pecado (exemplificado na questão do adultério). O que antes só era pecado se fosse ação, agora basta ser intenção. Na verdade toda ação pecaminosa começa no coração humano, conforme Cristo disse:

"Porque do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias." (Mateus 15:19)

Jesus só piorou as coisas pro nosso lado, convenhamos. Se antes, minhas ações me afastavam de Deus, que dirá meus desejos, cobiças e intenções que, apesar de não se tornarem atitudes, estão ali inacessíveis ao mundo exterior, mas não de Deus. Mas ainda pode piorar...

Porque um apóstolo de Cristo chamado Paulo leva o pecado a uma dimensão ainda maior e diz:

"Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; e com efeito o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem.
 Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço.
 Ora, se eu faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim.
 Acho então esta lei em mim, que, quando quero fazer o bem, o mal está comigo.
 Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus;
 Mas vejo nos meus membros outra lei, que batalha contra a lei do meu entendimento, e me prende debaixo da lei do pecado que está nos meus membros.
 Miserável homem que eu sou! Quem me livrará do corpo desta morte?" (Romanos 7:18-24)

Quer dizer que mesmo que eu queira fazer o bem, acabo fazendo o mal? O pecado habita em mim? O pecado não é ação, nem intenção, mas faz parte de mim? Miserável homem que sou! Seguindo essa linha de raciocício, conseguimos perceber exatamente o que essa expressão de Paulo quer dizer. Porque o pecado que me afasta de Deus não pode ser contido evitando-se ações e intenções, afinal o pecado faz parte de mim e não posso evitá-lo. Simplesmente não posso. Miserável homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte? Como me aproximar de Deus então?

O próprio Paulo dá a resposta em seguida:

"Dou graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor. Assim que eu mesmo com o entendimento sirvo à lei de Deus, mas com a carne à lei do pecado." (Romanos 7:25)

Jesus Cristo é a resposta, a chave dessa questão. Falaremos disso adiante. Por ora, precisamos refletir e entender que estamos num mato sem cachorro... Porque, por nós mesmos, não podemos nos voltar para Deus e nada que façamos pode mudar isso, ainda que queiramos.

Comentários

  1. Parabéns Jorge,
    Excelente texto! Tema forte! Não vejo a hora de ler a sequência...

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